segunda-feira, 5 de outubro de 2015

TRILHOS TORTOS



O Trem de Ferro foi o meu primeiro susto na vida. Depois virou uma paixão. Tudo começou em Vista Alegre(MG). Eu era ainda um bebê de colo. Minha mãe conta que eu aprontei um berreiro daqueles. Foi mais ou menos assim: Meus pais aproveitavam a parada do trem, numa loja de frente à estação ferroviária. De repente, uma locomotiva estava chegando e foi o bastante para me assustar. Com muito custo, eles conseguiram me calar, com biscoitos e um gatinho de louça.
Daí pra frente, o trem passou a fazer parte dos meus pesadelos. Todavia, o mais interessante é que uma paixão se desenvolveu muito forte em relação a este meio de locomoção. O trem tem qualquer coisa de romântico. Não sei porque, mas sempre me senti assim.
Quando tinha meus quarenta e poucos anos, comecei a ter um pesadelo terrível. Antes de contá-lo devo dizer que os meus sonhos sempre têm continuidade. Apesar da minha incredulidade, parece ser qualquer coisa relacionada às vidas passadas.
Pois bem, contando o pesadelo que prometi acima: Eu me encontrava sempre ensanguentado em meio à uma escuridão tétrica, pedindo por socorro. O interessante era que cada vez que ocorria este pesadelo, aparecia sempre um detalhe a mais. O pesadelo tinha uma sequência assustadora. A escuridão em que eu me encontrava começou a ficar menos espessa e assim passei a perceber que se tratava de um desastre. Nos pesadelos seguintes, comecei a ver a máquina e os carros totalmente deformados. E no meio daquela cena terrível, eu estava sempre ensanguentado e pedindo por socorro, andando com dificuldade entre os destroços. Deste modo, vi um rio que passava perto e na minha frente um vulto. Apavorado, perguntei: Onde estou?. A resposta veio em seguida num som stereo: Em Itaperuna, em Itaperuna!. Acordei assutado e depois disso nunca mais tive este pesadelo.
Agora, quanto à minha paixão pelo trem, eu a confirmo através das inúmeras músicas que eu fiz pra ele. Como prova, aí vai um vídeo de uma composição que relata a morte de um maquinista. 
Algo me diz que tem a ver comigo. São coisas que me deixam um tanto quanto perplexo.
No entanto, hoje, vejo a razão pela qual me assustei com o trem chegando na estação de Vista Alegre. Devido à pouca idade, eu ainda estava sob o impacto da morte, como maquinista, na minha vida anterior. É a única explicação racional que eu tenho.

anibal werneck de freitas.

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