sábado, 29 de janeiro de 2011

MINHA CONCEIÇÃO



MINHA CONCEIÇÃO (Anibal Werneck / Celso Lourenço – Anibal Werneck) Minha Conceição que fala de quintais, / De terra molhada, de roupas nos varais. / Minha Conceição, cuja simplicidade / Guarda em mim eternidade. / Minha Conceição que fala do passado, / De fotos desbotadas, vestígios de saudades. / Minha Conceição lá da Pedra Bonita / Exala o perfume da Boa Vista. / Minha Conceição das casa de sapé, / Da broa de milho, do aroma do café. / Minha Conceição das coisas amenas / Minha Conceição das coisas pequenas.

DUAS LUAS



DUAS LUAS  (Anibal Werneck de Freitas) Sempre me pergunto / Onde me encontro / E eu fico tonto, /  E eu fico tonto / - São as Duas Luas, / - São as Duas Luas. / Sempre me perco / Em tal situação. / E eu fico down, / E eu fico down. / - São as Duas Luas, / - São as Duas Luas. / Duas Luas, Duas Luas, / Uma se mostra, / A outra se esconde. / Uma dá a sua banda / Enquanto que a outra se debanda. / Duas Luas, Duas Luas, / Suas duas, suas duas / Faces que arrebentam, / Bandas que acorrentam / O outro lado do meu pecado, / São as Duas Luas, Duas Luas... / São as Duas Luas, Duas Luas... / São as Duas Luas, Duas Luas...


Violão & Voz: Anibal Werneck.
Guitarra: Celso Lourenço.
Registro nº 62.904, livro 18. fls, 058, UFRJ, 26/11/1990.

NOITE E LUA



NOITE E LUA (Celso Lourenço) A noite é sua, a rua é dela. / A Lua é ela, a Lua é dela. / O amor oprime o lume, o limo. / A peroba, o vime / E a vida é dela. / A vida é verde, o amor é sede. / A Lua é a rede, a Lua é dela.

TREM DE LENHA



TREM DE LENHA (Anibal Werneck de Freitas)  No Café Sto. Antônio, / Negros, brancos e mulatos, / Iguais na cor do carvão / Chegam famintos e fracos. / No Café  Sto. Antônio, / Gordurão, pão e pernil, / Risos, papos e histórias, / Cerveja e cachaça de barril. / São os homens do trem de lenha / Formando um quadro que se ilumina. / São os homens do trem de lenha / Que a sociedade discrimina. / No Café Sto. Antônio / Brotam força e emoção / Da inocência destes homens, / Filhos do trem e do carvão. / No Café Sto. Antônio / Pra voltarem às suas ‘misses’ / Jogam no corpo suado e sujo / Um perfume chamado Dirce’ / São os homens do trem de lenha / Formando um quadro que se ilumina. / São os homens do trem de lenha / Que a sociedade discrimina. / No Café Sto. Antônio / Pra voltarem às suas ‘misses’ / Jogam no corpo suado e sujo / Um perfume chamado ‘Dirce’.

O VISGO



O VISGO (Anibal Werneck & Celso Lourenço) Tudo que é do amor... / Deve durar, buscar... / Deve valer, sorrir, perdoar, andar, descobrir. / Tudo que é do amor... / Deve querer, sonhar... / Deve chorar, insistir, voar bem longe, sumir. / O visgo que de tanto amar, cresceu. / O visgo que de tanto amor, brotou. / O visgo que não se partiu, ficou. / Se repartiu, criou, vingou. / O visgo que de tanto amar, cresceu. / O visgo que de tanto amor, brotou. / O visgo que não se partiu, ficou. / Se repartiu, criou, vingou. / Tudo que é de amar... / Deve sempre durar. / Pro que der e vier. / Sempre, sempre lutar... / Lutar... / Lutar... / Lutar... 


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

UN OJAR A PARTIR DEL SUR



UN OJAR A PARTIR DEL SUR (Anibal Werneck & Antônio Lour) Ay custa mi hablar de la História / De los muertos e los sueños / En América Del Sur. / El tiempo jamais esquecerá / De los sangres em las calles. / La vergoña inda ace / En la Bolívia, en La Paz. / Hablar inda también mi custa / Del pueblo del Sur. / Siempre con lágrimas nos ojos / Y em las manos. / Oh! No eres tu mi hablar. / No puedo cantar, ni quiero, / Ni quiero más. / El medo esconde atrás / De las puertas. / Hombres y niños muertos en la Argentina. / Y las mães lloran en la Plaza del Mayo. / Y si la verdad y los nuevos sueños moriren / Sobre la misma mancha de sangre / Qui prima en la América del Sur, / Del Sur... / Del Sur... / Del Sur... / Del Sur... / Del Sur... / Del Sur... / Del Sur... / Del Sur...

Os algozes das ditaduras militares na América do Sul não perderam filhos como as vítimas que lutaram por uma causa justa. Hoje, muitos deles, impunes, gozam a vida, face ao cárcere existencial implantado àqueles que sofrem. As mães da Praça de Maio, agora avós, estão até hoje cobrando do Estado os seus entes queridos desaparecidos, esta situação perdura e, já estou acreditando que Deus não existe por permitir tamanha injustiça. Sendo assim, aí está num portunhol grotesco, o nosso protesto.

CADEIRAS DA NOITE



CADEIRAS DA NOITE (Anibal Werneck de Freitas) Só se chover que o costume fica de lado / Cadeiras da noite na calçada / No interior, costume cobrado. / Yé, yé, yé! / Os Beatles tocando no rádio. / A... amém! / Só falta procissão com pálio. / Pode dizer que o costume um dia fica de lado / Cadeiras da noite na calçada / Mas será costume sempre lembrado. / Yé, yé, yé! / Nas notas desta simples canção. / A...amém! / Lembrado com muita emoção. / Yé, yé, yé! / A... amém!

Em nossas cidades interioranas, o costume de cadeiras na calçada é muito comum. Hoje, os bares estão fazendo o mesmo para ampliar o seu recinto, mesmo nas cidades grandes. A razão deste costume está relacionada ao clima quente e à falta de conforto nas casas da maioria, podendo até chegar à conclusão de que este costume é oriundo de um  problema social de moradia.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

CONCEIÇÃO DA BOA VISTA



CONCEIÇÃO DA BOA VISTA (Anibal Werneck de Freitas) Na curva da estrada / Vejo a minha Conceição / No morro uma igreja / Bate no meu coração. / Sob o céu azul e branco / Descortino a boa vista / O meu pulso se acelera, / Pois não há quem resista / Aos encantos de Conceição da Boa Vista / Aos mistérios de Conceição da Boa Vista. / Depois desço uma rua, / Vejo então uma pracinha / E a casa da Vó Ana / Perto duma igrejinha. / Conceição é assim mesmo, / Faz a gente buscar / Por um tempo feliz, / Que nos faz levar / Aos encantos de Conceição da Boa Vista / Aos segredos de Conceição da Boa Vista.

 

Falar de Conceição da Boa Vista, é falar dos meus ancestrais, está tudo gravado em mim, o que explica, por exemplo, ter saudades de um tempo que não vivi. Quando criança, meu pai, filho da Vó Ana, me levava sempre a Conceição pra vê-la, depois que ela morreu, nunca mais, deste modo ficou em minha lembrança aquele lugar misterioso e encantador, que tem qualquer coisa a mais.

Gravação de 2006, Voz e Violão, Anibal Werneck de Freitas.

O ÚLTIMO TREM

 


O ÚLTIMO TREM (Anibal Werneck - Armindo Torres) É o trem que vai sair, / É o trem que vai sair, / É o último a chegar. / Dentro dele um passageiro, / Rosto triste, olhar sem jeito, / Tá partindo agora pro seu lar. / Bate o sino da estação, / Bate o sino da estação / E o colosso rola nos trilhos. / O passageiro solitário, / Olhos fitos no cenário, / vai pensando agora nos seus filhos. / Como vão pra escola? / Sem o trem o que vai ser? / A esperança foi-se embora, / Como irão eles viver? / É o último trem... / É o último trem... / É o último trem... / É o último trem...

Um governo, de um país continental como o nosso, que não preza pelos seus trilhos, está fadado a ser engolido pelas multinacionais do automóvel, está fadado a perder mais da metade de sua produção agrícola, está fadado a interceptar o processo educacional pela falta de alunos, está fadado a ter um sistema de saúde falho, está fadado a aumentar a ignorância, está fadado a se enterrar no atraso, está fadado a desperdiçar riquezas, está fadado a tudo que é de ruim. Um governo assim, é um desgoverno.

CONCEIÇÃO



CONCEIÇÃO (Anibal Werneck de Freitas) Indo pro lado de Conceição / Tem uma figueira com assombração. / Passando por lá a gente vê uma luz / No fundo da capoeira, credo-cruz! / Passando por lá a gente vê uma luz / No fundo da capoeira, credo-cruz! / No cemitério tem a mulher-cobra / Com a sepultura cercada por corrente. / Na igreja, sozinho, o sino dobra / Assustando toda gente. / Na igreja, sozinho, o sino dobra / Assustando toda gente. / Conceição, assombração... / Ontem criança, que emoção! / Conceição, assombração... / Hoje adulto, que recordação! /

Conceição, Registro nº 59.758, fls 192, livro 16, UFRJ, 03/07/1990.

LUA NUA



LUA NUA (Anibal Werneck de Freitas) Lua nua, lua nua, lua nua, lua nua. / Aquela estrela eu vou pegar / Pra lhe dar, pra lhe dar. / E esta canção eu vou fazer / Pra lhe ter, pra lhe ter. / Lua nua, lua nua, Menina você sempre encanta a gente no canto. / Lua nua, lua nua, / Menina você sempre a gente ama da cama. / Lua nua, lua nua, lua nua, lua nua. / Seu São Jorge tem que está / A me guiar, a me guiar. / E seu clarão tem que está / A me brilhar, a me brilhar. / Lua nua, lua nua, / Menina você sempre caça a minha raça. / Lua nua, lua nua, / Menina você sempre traça a gente na praça. / Lua nua, lua nua, / A noite é sua, a noite é sua / Sua, sua, sua, sua, sua, sua com o meu suor. / Sua, sua, sua, sua, sua, sua comigo e só. / Lua nua, lua nua, Lua nua, lua nua. 

Enquanto você ouve Lua Nua, a música que mais cantei, a música que foi anunciada pela Marília Gabriela no seu programa TV Mulher que tinha na Globo, anunciando o meu show na Exposição Agropecuária de Recreio na ocasião, a música que certamente deu o nome à boite onde surgiram Os Mamonas Assassinas, a música que, também, nomeou a peça teatral de Beth Savalla, enfim, a música que até hoje me pedem pra cantar.

Lua Nua, Registro nº 48.889, livro 15, UFRJ, em 20/02/1989.

E-mail: anibalwerneck@gmail.com

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

ANDES DE MIM



ANDES DE MIM (Anibal Werneck de Freitas) Qualquer coisa vem dos Andes de mim. / Qualquer força tem nos Andes de mim. / Qualquer graça cobre os Andes de mim. / Qualquer reza benze os Andes de mim. / Qualquer paixão sobe nos Andes de mim. / Qualquer mapa mostra os Andes de mim. / Qualquer laço ata os Andes de mim. / Qualquer faca corta os Andes de mim. (bis) / Qualquer perna roça os Andes de mim. / Qualquer voz canta os Andes de mim. / Qualquer som enche os Andes de mim. / Qualquer cor pinta os Andes de mim. / Qualquer luta busca os Andes de mim. / Qualquer festa lembra os Andes de mim. / Qualquer choro molha os Andes de mim. / Qualquer fruto gera os Andes de mim. / Inca e condor... / Machu Picchu, minha dor.

Música do CD LUARAMADA de Anibal, 2003.

VÍTIMA



VÍTIMA (Anibal Werneck & Armindo Torres) Moça-menina do supermercado / Não atravesse a rua / Como fazem os poderosos / Que atropelam famílias / E espalham miséria. / Não, moça-menina / Você trabalha no super / Mas não faz parte do mercado. / Não, moça-menina / Você trabalha no super / Mas não faz parte do mercado. / Agora você está na terra / Para que na Terra / Os poderosos e os atravessadores / Continuem tripudiando sobre os cadáveres / De pobres meninas indefesas.

1990, em Juiz de Fora(MG), meu amigo e parceiro, Antonio Armindo (Armindo Torres), presenciou o atropelamento de uma jovem que trabalhava no Supermercado Javi, a cena triste e comovente, da menina sem vida, inspirou-lhe a letra VÍTIMA, e assim, eu, tomado pela emoção de suas palavras, coloquei a música.
Abaixo, a carta que o Antonio Armindo me enviou na ocasião.


Taí Isbininha a sua letra. Espero que goste. É sobre o atropelamento de uma menina um dia desses aqui em Juiz de Fora. Pensei na minha ou na sua filha ou na de qualquer outro cara. Pensei nos pais dela. Foi duro. O sangue. O rostinho sem vida. Aí não deu pra segurar. Tive que escrever. E saiu isto que está aí em cima. Tinha 16 anos. E trabalhava no Supermercado JAVI. Agora eu te pergunto: JÁ VIU coisa tão fora-dos-planos? Só nos planos colloridos. É isso aí. 
Um abração.
Armindo Torres.

VIA, VERITAS ET VITA



VIA, VERITAS ET VITA (Anibal Werneck de Freitas) Sou guerreiro da paz / E na mente trago o perdão / E nada mais. / Sou guerreiro da paz / E no corpo trago o amor / E nada mais. / Minha arma é o meu violão / E o meu hino é esta canção. / Sou guerreiro da paz / E nos olhos trago o caminho / E nada mais. / Sou guerreiro da paz / E nos lábios trago a verdade / E nada mais. / Sou guerreiro da paz / E no peito trago a vida / E nada mais. / Minha arma é o meu violão / E o meu hino é esta canção. / Sou guerreiro da paz / E nos braços trago a luta / E nada mais.

1948, o ano em que nasci foi marcado pelo trágico acontecimento da morte de Gandhi na Índia por um infeliz que o matou covardemente com uma arma, instrumento que a vítima nunca usou em toda a sua vida lutando contra as injustiças. O algoz, um pobre diabo, sumiu no meio da multidão, deixando para trás o Guerreiro da Paz agonizando nos braços dos amigos.
Quando vejo injustiças quedarem impunes, mais acredito que elas são somatizadas no cosmos para uma cobrança futura, ou então, Deus não existe.

Gravação de 1985
Voz e Violão, Anibal Werneck de Freitas
Violão, Celso Lourenço
Registro nº 48.897, livro 15, Escola de Música da UFRJ, em 20/02/1987
anibalwerneck@gmail.com

Roberto Carlos - Insensatez