terça-feira, 29 de julho de 2014

LUA NUA [autobiografia de um compositor desconhecido] 2



2. COMO TUDO COMEÇOU

Tudo começou no Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, em Leopoldina(MG), quando aprendi a tocar violão com o seu Cesário, no ano de 1963 e no ano seguinte criei um conjunto musical de nome Trio Uirapuru que se apresentava aos domingos no Grêmio Literário Pio XII.
Como o repertório não podia ter letras românticas, comecei a fazer versões nas música dos Beatles, She's Love You, virou, Meu Vaga-lume e I Wanna Hold Your Hand, A Joaninha, e assim, fui fazendo com outros gêneros musicais, como as versões que eu fiz com o diácono Carlos Alberto Nogueira da Cruz para o português de Ma Vie [Minha Vida] e, também, E Agora [Et Maintenant].
Através desta atividade fui tomando gosto e passei a compor, ora inspirado pelo pessoal da Velha Guarda, ora pelo yé yé yé da Jovem Guarda.
Voltando ao Trio Uirapuru, foi nele que aprendi a enfrentar plateias. O grupo era formado por mim, o Edgar Bicalho e o Luiz Olímpio de Souza (in memoriam). Como fundador, todas as apresentações eram registradas num caderno com desenhos e letras das músicas: O Uirapuru (prefixo), O Bom Miguel, A Joaninha, O Vaga Lume, Michael Go, Além, Suspicion, Triste Canção De Um Náufrago, Quiçá, Tempestade, Meu Sertão, A Casa De Deus, Quando O Vento Bate na Minha Barca, A História de Um Homem Mau, The House Of The Rising Sun, I Like To Be In America, As Férias, A Capela, O Meu Patinho, O Lúcifer, Granada, Quando Esquenta O Sol, Minha Vida, Aquarela Do Brasil, Canta Brasil, Eu Sou O Samba, João Valentão, Onde O Céu Azul É Mais Azul, Favela, Pensamento, O Bom Miguel, E Agora?, Melhor Poder Viver e Se Eu Canto É Pra Fingir.
O Trio Uirapuru surgiu em 1964 e suas apresentações eram muito criticadas pelos seminaristas que diziam, Parece até que eles só têm a música, O uirapuru para cantar!, de fato, estávamos começando e não tínhamos um repertório opulento, embora apresentávamos além da, O Uirapuru, Fia A Cama Na Varanda, Boa Noite e outras.
Mas, foi no ano de 1965 que o trio caiu no gosto do público e fez o maior sucesso, chegando a se apresentar até nos intervalos  da Opereta, Os Duendes Da Montanha de Alberto M. Alves [o Cônego Naves] e no palco do cinema principal de Leopodina(MG).
O nome do trio se deveu ao sucesso do famoso álbum que os Cantores de Ébano, sob a liderança de Nilo Amaro, lançaram na época.
Pois bem, o trio deu tão certo que incentivou a criação de vários grupos musicais como: The Clevers (Nivaldo de Castro Pandeló, Eduardo de Oliveira Henriques e Sebastião Antunes Pereira), Trio Alvi-Negro (João Batista de Oliveira, Celso de Souza e Nivaldo de Castro Pandeló) e, Conjunto Carioca, o CC (Antonio Aurélio David, Antônio Alves Moreira, Fernando Sollero Caiaffa e João Conciano Gonzaga), foi um tempo muito bom, todavia, tive que sair do seminário, era 1965, dezembro, e, o Roberto Carlos estava estourando no rádio com, Quero Que Vá Tudo Pro Inferno.
Em tempo, até um coral foi formado neste derradeiro 65: Coral 7 Vozes Agentinas (Antonio Aurélio David, Sebastião Antunes Pereira, Eduardo de Oliveira Henriques, João Conciano Gonzaga, Nivaldo de Castro Pandeló e Antônio Alves Moreira) fazendo o fundo musical na apresentação do Trio Uirapuru.
O que é bom dura pouco, em 1966, eu já estava em Recreio me enturmando com novos colegas e o país estava mergulhado numa famigerada Ditadura Militar, tinha largado o Céu e o meu Inferno estava apenas começando, isso, sem mencionar o Roberto Carlos que já estava mandando tudo pro Inferno.

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