segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

TREM DE LENHA




Meu pai, Antonio Hygino (in memoriam), tinha um boteco na Rua Conceição, 65, Recreio, MG, onde os homens que trabalhavam no trem de lenha aportavam depois do árduo trabalho para tomar uma branquinha com tira-gosto e depois, ainda sujos, iam para suas casas levando um presentinho para suas mulheres, tanto assim que era comum no Café Sto. Antônio uma vitrine com vidrinhos de perfume chamado Dirce, era realmente um momento bastante agitado com o meu pai atendendo no balcão e a minha mãe na cozinha bastante atarefada, imagine aqueles homens cheirando à lenha, conversando o tempo todo, agitando o ambiente, era realmente assustador, todavia, meus pais já estavam acostumados com aquela situação.
Bons tempos, boas lembranças, tanto assim que compus Trem de Lenha para registrar este momento precioso de minha infância. 

TREM DE LENHA (Anibal Werneck de Freitas)  No Café Sto. Antônio, / Negros, brancos e mulatos, / Iguais na cor do carvão / Chegam famintos e fracos. / No Café  Sto. Antônio, / Gordurão, pão e pernil, / Risos, papos e histórias, / Cerveja e cachaça de barril. / São os homens do trem de lenha / Formando um quadro que se ilumina. / São os homens do trem de lenha / Que a sociedade discrimina. / No Café Sto. Antônio / Brotam força e emoção / Da inocência destes homens, / Filhos do trem e do carvão. / No Café Sto. Antônio / Pra voltarem às suas ‘misses’ / Jogam no corpo suado e sujo / Um perfume chamado Dirce’ / São os homens do trem de lenha / Formando um quadro que se ilumina. / São os homens do trem de lenha / Que a sociedade discrimina. / No Café Sto. Antônio / Pra voltarem às suas ‘misses’ / Jogam no corpo suado e sujo / Um perfume chamado ‘Dirce’.


Anibal Werneck de Freitas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário