TRILHOS TORTOS (Anibal Werneck de Freitas) Uma verdade vem de lá do barracão, / Dos trilhos velhos que permeiam a solidão. / Esta verdade é o sino forte que bateu / No coração do maquinista que morreu. / O maquinista de boné e de emoção, / Tocava o trem sem prestar muita atenção. / No momento da curva percebeu, / Que a felicidade descarrilhou dentro do seu eu. / Meio às ferragens e à densa escuridão / O maquinista viu a dor e assombração. / Um dinossauro de ferro o trem ergueu, / Já era tarde, o maquinista morreu. / Dormentes, trilhos tortos, confusão. / E os ingleses, donos da situação: / “Trem de ferro é muito longe pra buscar / E o maquinista é muito fácil de achar”. / Dormentes, trilhos tortos confusão. / E os ingleses, máquina, preocupação: / “Trem de ferro é muito caro pra comprar / E o maquinista bota outro no lugar”. / Meio às ferragens e à densa escuridão / O maquinista viu a dor e assombração. / Um dinossauro de ferro o trem ergueu, / Já era tarde, o maquinista morreu. / Morreu, morreu,
Segundo meu pai, Antonio Hygino, que chegou a trabalhar de guarda-freio, serviço perigoso, pois andava em cima dos carros com o trem em movimento, qualquer descuido era fatal, ele até que teve muita sorte porque chegou a cair duas vezes e, pressionado pela mãe, acabou largando o serviço.
Pois bem, naquela ocasião, a Estrada de Ferro Leopoldina era dos ingleses, The Leopoldina Rail Way e, quando acontecia um desastre, eles, os donos, não perguntavam pelo maquinista e sim, pela máquina, o maquinista é muito mais barato, enquanto que a máquina, por vir lá da Inglaterra, torna-se um grande prejuízo pra empresa, é o famigerado capitalismo, time is money, até quando, não sei.
Gravação de 2002
Voz, Violão e Teclado, Anibal
Registro nº 62.905, fls. 058, livro 17, Escola de Música da UFRJ
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